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quarta-feira, junho 27, 2007

OS CONGRESSISTAS TAMBÉM AMAM


O polêmico e mais recente episódio, que tem como palco o Senado brasileiro, envolvendo o presidente da Casa, o senador Renan Calheiros, tem sido o prato principal da mídia que precisa de notícia, e esta, sem dúvida nenhuma, é um prato cheio para os jornalistas. Em que pese o fato das suspeições de favorecimento a um lobista em torno do caso, o foco tem sido mesmo é a bela jornalista que acabou não resistindo à “beleza” (do gordo salário) do senador em questão.
E parece que este não é o caso que inaugura o assunto no Senado nem também é a primeira vez que os que deveriam apurar os fatos dessa natureza estão querendo tirar o braço da seringa. Quem não se lembra de semelhante episódio envolvendo o então senador Fernando Henrique Cardoso, que também não resistiu aos “dotes jornalísticos do sexo oposto” e resolveu degustar um suco de saliva de mais uma apetitosa jornalista da Rede Globo? E já naquela época todos ficaram sabendo; mas, a exemplo do caso de agora, ninguém quis apurar os fatos; e ainda foram muitos os que cercaram Fernando Henrique Cardoso, e sua “degustiva extraconjugal”, de uma blindagem que acabou levando a princesa e o seu rebento a morarem na Espanha com direito a milhares de reais, bancados de alguma forma, talvez, por nós, para garantir à princesa uma vida de rainha.
Nós, brasileiros, não devemos nos acomodar diante de tais fatos; mas estamos habituados a ver e ouvir os mais aberrantes e hilários acontecimentos envolvendo os políticos da nossa grande Nação. O governo Lula, parece, já nos garante, seja, o que mais investigou tais episódios. Temos visto todos os tipos de casos políticos: investigados, processados, cassados, presos e até, direitos políticos cassados. É comissão de ética para investigar tudo que se pode imaginar, desde outrora, uma curiosidade do senador Antônio Carlos Magalhães, que, na época, lhe custou a renúncia ao cargo (inclusive com a descoberta de mais um affair que envolvia a senadora Heloísa Helena, à época do PT, com o então senador Luiz Estevão), passando, já agora no governo do PT, por investigação de mensalinho, mensalão, derrubando muita gente grande (até o mentor “Che Guevara” de Lula), dinheiro na cueca, até a investigação do porquê o transponder não funcionou e supostamente controladores de vôo são responsáveis pela morte de 154 pessoas vítimas de queda do avião da Gol, registrado como o maior acidente aéreo da história da aviação brasileira.
Diante de imorais incidentes, a pergunta que devemos fazer é: por que temos gente com coragem para investigar tanta coisa errada, inclusive as que ferem na própria carne, como disse o presidente, e esta mesma gente, não quer investigar os casos alusivos a “Romeu e Julieta” dos colegas no Senado?
A resposta a esta pergunta talvez esteja melhor explicada num caso que li certa ocasião sobre Mahatma Gandhi: Conta o escritor que certa vez uma senhora, após convencida de que não seria capaz de retrucar o seu filho, foi aconselhada a levar o menino até o grande mestre para que o mesmo fizesse com que o jovem parasse de comer açúcar. Lá chegando, a genitora explica a Gandhi sobre a presença dela ali e pede ao mestre que solicite ao menino que pare de comer açúcar. O mestre fita os olhos na criança por alguns instantes e depois se vira para aquela desesperada mãe, pede que traga a criança na próxima semana, e volta a meditar.
A mulher fica decepcionada, sem entender aquela atitude do guru, mas, em se tratando do grande mestre, resolve obedecer, voltando uma semana depois. Assim que ela entrou na tenda, Gandhi determinou à criança em tom de voz firme: “Meu filho, pare de comer açúcar!”
O garoto obedece e promete nunca mais comer açúcar. A mãe resolve indagar: “Mestre, por que já na semana passada não mandou que ele parasse de comer açúcar?”
O mestre responde: “Minha senhora, na semana passada, eu também não conseguia parar de comer açúcar.”
A mensagem nos leva a questionar: será que a maioria dos nossos congressistas não está comendo açúcar demais? Acredito que com tantas apetitosas jornalistas, “escolhidas a dedo”, de olho na “beleza” (dos gordos salários) dos senadores, ainda vamos levar algum tempo para que nossos representantes no Congresso tenham coragem, e, sobretudo, consciência tranqüila, para determinar a algum colega em tom de voz também firme: “Determino que vossa excelência pare de ‘comer tanto açúcar’”... (Ou outra coisa em questão).
Talvez seja oportuno plagiar, também, o que disse o grande mestre, o rei dos reis, até mixando um pouco: “Quem dos congressistas tem a coragem de atirar a primeira pedra? Que atire aquele que não errou por amor!”
Que atire a primeira pedra aquele que não mandou, por intermediário, cem mil reais ou outro valor qualquer, para o pagamento da pensão alimentícia... Enfim um assunto que silencia o barulhento plenário do Congresso Nacional...
Ainda que exista uma hierarquia a ser respeitada, parece que a determinação vem dos ministérios; se você duvida, rememore a recente frase da ministra Marta Suplicy: “Relaxe e goze”...
Pelo visto a ordem do dia, e extensiva ao mandato, é obedecer...

*José Carlos Benigno é empresário e radialista.
26 de junho de 2007.