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sábado, dezembro 29, 2007

Pequenos detalhes da minha vida

Era aqui nesse lugar


Uma linda história!
Já no final dos anos 70, eu estudava no Colégio Deocleciano Barbosa de Castro, e quando voltava pra casa, perto do meio dia, passava na Praça da Matriz e lá ficava admirando o trabalho dos Hippies, (jovens revolucionários de um movimento de protesto), que naquela época eram muitos e permaneciam ali fazendo pulseiras, brincos, anéis e um montão desses tipos de coisas.
Os objetos prontos eram dispostos à venda, em placas de papelão forradas de pano preto onde, principalmente, as meninas fuçavam até que acabavam comprando alguma coisa.
Era comum uma grande quantidade de estudantes aparecer por lá com o mesmo objetivo.
Eu ficava encantado com a praticidade de um dos Hippies.
Apesar de não lembrar mais o nome, ainda sou capaz de descrevê-lo: um cara alto, magro, sandálias de couro, roupa bem folgada, cabelos longos e amarrados com uma fita vermelha passando pela testa.
Ele não gostava muito de falar, mas sempre me aproximava dele exatamente porque admirava a agilidade como manobrava a ponta de um alicate dando formato aos brincos e pulseiras.
Várias foram as vezes e os dias em que sentei no chão da praça e permaneci ali durante horas observando. Até que, em um desses dias, aconteceu algo que ficou marcado para sempre em minha vida.
Lembro-me como se fosse agora: o Hippie, que jamais havia me dado atenção, após terminar de trançar uma pulseira, entregou-me o feito e disse: “observe bem os pontos trançados dessa pulseira Guri!”
Fiquei meio estático, afinal era a primeira vez, em quase um ano, que o cara falava comigo. Demorei a reagir, ele, abriu um tímido sorriso, e voltou a insistir: “pegue Guri! Veja e me diga o que você acha que é isso que acabei de fazer?”
Finalmente estendi a mão e peguei a pulseira. Fiquei olhando detalhadamente cada volta que aqueles fios davam, um sobre o outro! Uma magia, quando se sabia que aquilo havia sido feito apenas com a ponta de um alicate comum e de maneira bem célere.
Demorei em responder e o Hippie voltou a me cobrar: “vamos Guri, me diz o que você acha que é isso ai que acabei de fazer?”. Ainda tímido, resolvi arriscar uma resposta: “Cara, eu acho que isso aqui é o que pode ser chamado de arte”!
Ele sorriu largamente (uma das poucas vezes que o vi sorrindo), pegou a pulseira de volta e me disse: “Guri, então quer dizer que você pensa que sabe o que é arte? Pois eu vou te mostrar agora o que é arte!”. Fiquei meio sem entender, onde ele queria chegar, mas confesso que a curiosidade foi maior que a expectativa e antes que eu terminasse de pedir melhor explicação, o Hippie subiu num dos bancos da praça, (vi que ele estava procurando algo em uma das árvores que ficavam enfileiradas margeando a rua, bem em frente a onde hoje é uma Locadora de Vídeos e o escritório da EBDA), tirou algumas folhas, depois fez um gesto como se quisesse que eu visse o que ele tinha nas mãos, depois começou a enrolar uma das folhas, (como se tivesse fazendo um cigarro), pegou uma tesoura, (era usada para o corte no trabalho), e cortou uma das folhas fazendo uma espécie de pequena tira, e mostrando-me novamente, agregou a tira dentro do tubo de folhas que havia feito antes.
O objeto natural virou uma espécie de apito. Como se quisesse fazer um ritual fez um tipo de saudação chinesa pra mim, (curvando o corpo a frente), depois levou aquele apito à boca, fechou os olhos, e começou a soprar dando formas à mais linda canção em todos os seus tons, que eu já ouvi em minha vida.
Por uns três minutos fiquei ali parado, impressionado, ouvindo, encantado com o som puro e harmonioso que saía daquele apito de folhas.
Ao terminar o sopro musical, o Hippie voltou a fazer o gesto de saudação chinesa e disse: “Tá vendo Guri? Isso que é arte! Não esquece isso nunca! Se alguém, algum dia, te perguntar, se você sabe o que é arte, conte esta história”.

Um dia a Revolução dos Hippies acabou e não sei pra onde ele foi. Mas ficou marcado pra sempre aquele show em minha mente.

1997, cerca de 25 anos depois do fato, já trabalhando como radialista na Jacobina FM. Eu procurava, num final de tarde, uma música para colocar de fundo (que chamamos tecnicamente de background), numas declamações de mensagens de otimismo em defesa da vida que iria fazer durante a apresentação de um programa especial. Lendo umas capas de CDs achei um título que me chamou a atenção: “Dolannes Melody”! Pensei: gostei do título! Resolvi colocar pra tocar. Ao ouvir, foi inevitável!!! Uma lágrima saiu dos meus olhos! Foi mágico! A mente, de forma instantânea, me trouxe de volta à cena! Era exatamente a música que o Hippie havia tocado no apito de folhas há quase 25 anos!!!

CC:
“A beleza e o sentido da vida, muitas vezes, estão nos mínimos detalhes! Observe bem, porque pequenas cenas podem valer mais que filmes inteiros”

José Carlos Benigno
02.11.07

domingo, novembro 04, 2007

Carta aberta aos professores do município de Jacobina



Senhores professores:

Estando assessor de comunicação da Câmara de Vereadores, não pude deixar de perceber a luta dos senhores em busca dos vossos direitos junto ao Poder Legislativo do Município de Jacobina. É perceptível que há algumas questões em que a força política tem atrapalhado, em alguns pontos, a luta e causado morosidade no processo resolutivo dos interesses de vocês. É importante frisar que tenho um carinho especial pela Classe e a consciência tranqüila de que, durante o período em que estive no Rádio, como apresentador de Programas Jornalísticos, procurei fazer minha parte em defesa dos vossos interesses porque vejo a profissão de professor como a base de todas as outras.
Em minha opinião, não se trata de ter ou não alguma coisa contra alguém ou algum dos que estão no poder, é muito mais uma questão de saber ver as coisas como elas funcionam.
Por uma visão metódica, o mandato do vereador é efêmero enquanto que a dádiva de ser professor é vitalícia, ou seja, ninguém vota em alguém pra que este seja um professor.
O professor, por formação, se torna capaz e através de concurso adquire a função.
O político não. Amanhã aqueles que ocupam as cadeiras no poder não mais estarão lá. Enquanto que o professor continuará sendo professor. Portanto é importante saber olhar para a composição não vendo políticos, mas vendo o poder legislativo onde estão sentadas pessoas que podem e têm a obrigação de fazer o melhor pela Classe porque pra isso foram eleitos.
Mas para aprovação de qualquer matéria entra a força regimental, constitucional que manda que seja aprovado pela maioria de votos.
É ai que está o entrave.
A Classe nunca percebeu isso, os professores precisam aprender a ser mais técnicos e menos políticos e até menos partidários nesse momento, nessa questão!
É preciso saber qual a ferramenta que seve para ajustar o “encaixe das engrenagens”! É importante discernir com quem negociar! Ou seja: Onde está a quantidade que pode “assinar” e aprovar nosso Projeto?
Lógico que dimensionando o utópico do real. Nada pode ser constituído de ilusão, se o projeto se constitui de uma utopia, ele não será aprovado em nenhum lugar do planeta! E ai seria uma injustiça querer culpar alguém por isso.
A Classe precisa entender que, embora seja necessário e salutar, bater de frente contra os maus políticos, é em vão tentar bater de frente com o Poder. Infelizmente há uma disparidade nisso. Mas, felizmente, há também o poder que move o mundo e que deve estar a favor de todos nestes momentos: a inteligência!
Se houver por parte das lideranças e até das ideológicas um “jogo de cintura” certamente que hão de haver também muitas conquistas.
É burra a briga onde, de um grupo de pessoas, se escolhe a minoria para tentar fazer sair um grito que supere o da garganta da maioria.
É necessário que vocês entendam que quem aprova não são eles, mas a maioria deles. Então é preciso saber como, e com quem negociar. Vale lembrar que novas lutas virão e certamente, por força da democracia, alguns daqueles que hoje estão lá, ou ainda todos, não mais estarão, mas o professor não terá deixado de ser professor e a regra da necessidade da maioria para aprovar vai continuar.
E novamente se iniciará um novo ciclo.
A pressão utilizada por vocês até aqui, não está ajudando, muito pelo contrário, ela está atrapalhando.
O certo é saber que quantidade deles é necessária para aprovar e depois sentar e pedir a aprovação!!! Não é difícil e não existe segredo nisso.
Fazendo errado, é como um labirinto: quando se tenta pelo lado equivocado o caminho vira uma incógnita.

Espero mesmo estar ajudando, tenho motivos especiais para isso!
Um grande abraço e Boa Sorte a todos!!!!

sexta-feira, setembro 21, 2007

Junto à Primavera, como o bem do bem que fazem as flores!!!!



Findava o dia 20 de setembro do ano de 1985 e ela, já nas primeiras horas da noite, reclamava de dores, os pés estavam muito inchados, o rosto, embora um pouco deformado, não escondia os traços de beleza daquela menina e futura mãe... A noite transcorreu e quase não dormimos pela sua inquietude... Já nas primeiras horas do dia, percebemos que não havia mais como esperar: era chegada a hora do primeiro rebento...
Pegamos algumas coisas; roupas, lençóis, toalhas, sabonetes e todos os utensílios que seriam necessários ao período que já prevíamos para ficar no hospital.
Avenida Central, 60 Bairro da Inocoop. Esse era nosso endereço. Uma simples casa, daquelas ainda do tipo embrião do conjunto na sua originalidade.

Vivíamos um momento difícil, sem recursos, desempregado, injustiçado por algumas pessoas e até um tanto abandonado e incompreendido, causava-me revolta algumas vezes. Por tudo isso aquele momento me deixava meio sem nexo e perdido.
Já eram quase sete horas da manhã do dia 21 de setembro. Finalmente ela termina de arrumar as coisas, eu, impaciente, já não suportava mais esperar que ela, com toda aquela barriga, terminasse de juntar tantas tralhas e arrumar em sacolas. (Até hoje não consigo entendê-la nesse sentido). Ela sempre faz isso, quando precisamos ir à algum lugar.
Finalmente saímos em direção ao hospital que distava cerca de três ou quatro km.
Chegamos ao Antonio Teixeira Sobrinho, os ponteiros do meu Cássio apontavam quase oito horas. O Dr. José Horácio já nos esperava e tomou todas as providências paro o trabalho de iniciação de parto.
Nesse momento começa a aparecer as primeiras características daquele bebezinho que viria ao mundo, e que em alguns casos, essas características persistem até hoje.
O garoto resolve não sair da barriga da mãe. Já estávamos próximos do meio dia e nada... Todos aguardavam ansiosos quando o médico chamou-me e solicitou que eu fosse até um povoado do município, Cachoeira Grande, cerca de 30 ou 40 km, onde naquele momento estava a anestesista do hospital, participando de uma reunião política, (se aproximava mais um período de eleições).
... Sai feito um louco numa pick-up Fiat.
Sempre fui um bom motorista, mas naquele dia não estava dirigindo, mas pilotando, os pneus do carro quase não tocavam o chão, por isso posso dizer que voava a baixa altura, o carro era do meu sogro. Nunca revelei isso a ninguém, mas depois de me perder numa curva, cai de uma altura de quase três metros dentro de um pasto, e posso até dizer que cai de uma nuvem, felizmente, cai com os pneus ao chão. Desci do carro/avião, verifiquei os estragos e percebi que estava tudo em ordem, nada além de um dos "trens de pouso" estourado, vi que o pneu de socorro resolveria meu problema. Como um raio troquei o pneu e “decolei” novamente de dentro do pasto mesmo, quebrei alguns postes da cerca e continuei meu "vôo" em direção a Cachoeira Grande para pegar a anestesista.

Não esqueço a cena: cheguei e a vi num palanque, tentei subir, alguém tentou impedir-me, fiz um sinal e ela prontamente atendeu. Após conversarmos garantiu-me que estaria no hospital a tempo. (não lembro se ela foi comigo ou no carro dela), já no hospital, o fato é que foi uma loucura, já passava da hora prevista, o garoto insistia em não vir ao mundo da forma normal e o parto teve que ser mesmo uma cesariana.
O garoto pesou cerca de mais de 4 kg... Antes disso um pouco, eu aguardava sentado num jardim na entrada do hospital e arranquei, sem ver, quase todas as ervas daninhas... Lembro-me que a ansiedade me fez entrar e sair do Hospital umas 1000 vezes. Olhava o relógio a cada segundo. Depois não consegui me controlar e comecei a contar as pedras de revestimento das paredes do corredor do hospital.... De repente alguém corre em minha direção e anuncia: NASCEU!!!! NASCEU!!!! É UM LINDO GAROTO!!!!! Eu pensei:
“Vai se chamar Murilo, (depois ele colocou mais um “L”), .. mais tarde o avô me pediu que gostaria que se chamasse de Geraldo porque o bisavô, (pai do meu sogro), também havia nascido em 21de setembro e ele gostaria de fazer uma homenagem... Tudo bem! (mas ficou ai os primeiros sinais de que eu não teria domínio total sobre esse cara).

GERALDO MURILLO:
... Acho que tem muita coisa pra contar desta história... Muitas delas você já sabe, mas o que talvez você não saiba, é o tamanho do amor que sinto por você....
Nem poderia, ele é imensurável meu filho!

Parabéns!!!! Que Deus te dê muita saúde, realize todos os seus sonhos e te conceda muitos anos de vida
José Carlos Benigno
21.09.07

sábado, setembro 01, 2007

Aconteceu em minha mente... (Humor)



Um fazendeiro rico daqueles que cria mais de 1000 cabeças, na região do Mato Grosso, lá das bandas do Corino Rodrigues, recebeu a proposta de um grande frigorífico americano que lhe vendeu uma boiada composta entre 250 a 300 mil cabeças com o compromisso de que, ao final de dois anos, depois de engordados ao ponto de abate, seriam vendidos novamente ao mesmo frigorífico. E o nosso fazendeiro, muito autêntico e comprometido em manter sua integridade comercial, disponibilizou os melhores pastos ao que chamou de: melhor negócio feito ao longo dos últimos anos. Chega a época da vendas do gado e ele, já pensando nos lucros que certamente teria, resolveu encomendar um equipamento que era o seu grande sonho de consumo, mas que até então a situação financeira, apesar de bastante controlada, não lhe tinha permitido adquirir tal produto que, sem dúvida, iria resolver o mais grave problema da fazenda: a contagem dos bois. Até então, o problema era resolvido com os préstimos de um velho matuto conhecido pela alcunha de Zé das Contas que fazia a contagem do gado lá pelas bandas da região, mas que nem sempre estava disponível diante da demanda.
Quem é criador sabe a dor de cabeça que representa quando o assunto é contar bois, seja na hora de ferrar, vacinar ou na hora de comprar ou vender. Por menor que seja a boiada haverá sempre uma dúvida se este ou aquele animal já foi contado ou não.
Até então ninguém tinha nada a reclamar do serviço de Zé das Contas que, sem explicar como, sempre apresentava a conta certa dos bois que era chamado a contar. Mas uma coisa era contar 1000, 2000 mil bois, outra, seria contar quase 300 mil bois.
E com o nosso fazendeiro em questão o problema se agigantou diante desta inédita quantidade. Feitos os devidos cálculos dos lucros nosso personagem liga para uma empresa do outro lado do planeta e encomenda a mais nova criação japonesa para a pecuária: O Contador Eletrônico de Bois. Tratava-se de uma espécie de computador com câmera a ser instalado na porteira do curral e, à proporção que os animais iam entrando o equipamento, através de filmagem, faria a contagem.
Aguardado com ansiedade, finalmente chega à fazenda o carrinho dos correios com a maravilha do século: O Contador Eletrônico de Bois. Imediatamente nosso apreensivo fazendeiro recorre aos técnicos que já esperavam há dois dias para instalar a inovação. Era fio daqui, antena dali, pedreiro, eletricista, técnicos em computação, carpinteiro que fazia cobertura para o equipamento, outros cavavam o chão para aterrar os suportes, tinha mais gente envolvida no caso que casa de prefeito desonesto fazendo manobra quando recebe uma verba federal. Enfim todos trabalhavam para que tudo começasse a funcionar, afinal estava prevista para o próximo dia a chegada dos proprietários do frigorífico americano lá do início da nossa conversa.
È chegado o grande dia! Tudo pronto, compradores presentes, e vamos tocar aquele mundo de gado nelore para o curral.


O chão, visto de cima de uma arvore, parecia uma grande nuvem branca a baixa altura de tanto gado branco! Uma loucura!! A cor do gado se misturava com o verde dos pastos que mais parecia a torcida do palmeiras em jogo final com o Guarani de Campinas. Um verde e branco majestoso!!!! E vamos testar o equipamento, (se não a gente não termina esta história nunca), começa a luta dos vaqueiros para tocar o gado em direção à porteira do curral onde estava instalada a parafernália eletrônica que confirmaria a quantidade de bois anotada pelo fazendeiro em seu controle. Só ele sabia dos 250 a 300 mil bois, quantos exatamente ali estavam. Já passavam quase 30 minutos do momento em que os primeiros nelores entraram e o equipamento mostrava na tela pouco mais de 300 bois dentro do curral. Era um sucesso, os olhos do fazendeiro brilhavam de felicidade ao ponto do mesmo sonhar com a cifra que até poderia lhe facilitar uma candidatura a prefeito do município. De repente o inesperado acontece: Um boi, (quem cria gado nelore sabe como é), resolve saltar mais alto e com a cabeça quebra todo o equipamento. Pedaços de computador espalharam-se num diâmetro de dez metros!!!!! Foi um desespero!! Nosso fazendeiro entra em pânico por dois motivos: O caro equipamento tinha ido para as cucúias e como poderia ele confirmar para os empresários a quantidade de componentes da boiada. Sem isso não haveria a conclusão do negócio consequentemente não haveria o tão esperado lucro. Todos estavam atônitos sem saber o que fazer, até que alguém lembrou: “Chama o Zé das Contas para terminar de contar o gado”! Em princípio houve um repúdio, alguém retrucou falando que o Zé não seria capaz de contar tanto gado. Depois de várias discussões não sobrou outra opção senão chamar o contador humano. E surgiu a partir daí a curiosidade de como que o Zé consegue contar tanto gado em relativo tempo comparado com o que a máquina havia contado em meia hora? Chamaram o Zé. Após as devidas apresentações e limpeza do local, Zé se colocou na plataforma onde antes havia sida instalado o contador eletrônico e solicitou dos vaqueiros que voltassem a tocar o gado para o curral. E o mundo ficou verde e branco novamente!! Uma loucura mesmo!!! Os bois passavam pela porteira como foguetes!!!! Mal dava para perceber a quantidade do tráfego. A porteira media cerca de cinco metros de largura e cabia mais de seis bois, mas o que confundia era a velocidade com que os animais passavam pelo local onde o Zé permanecia sentado de olhos fitados para baixo sem bater as pestanas e assim ficou até que, ao final de três horas, o último animal entrou no curral.
Por alguns instantes o Zé fechou os olhos e fez alguns gestos com os dedos. Todos estavam apreensivos. Zé, abre os olhos, solta um suspiro e dispara a soma: 297.365 bois passaram por aqui. O fazendeiro imediatamente pegou sua agenda e conferiu a quantidade. Para a surpresa dele e de todos que olhavam ansiosos, ele gritou!!!! Ta certo!!!! Ta certo!!!! É isso mesmo!!!! O Zé tá certo!!!!! Ele acertou!!!!!

Diante daquela incrível e inexplicável façanha do Zé, as curiosidades eram de todos: Saber como ele havia feito aquilo? Como havia conseguido contar corretamente os bois naquela velocidade em que os animais passavam pela porteira? E naquela quantidade, como não perdeu as contas?

Questionado o Zé finalmente revelou seu segredo profissional:

“É fácil, eu conto o rabo e as pernas e depois divido por cinco”

José Carlos Benigno

domingo, agosto 12, 2007

IMPARCIALIDADE



Certa vez um famoso editor de um diário paulistano encomendou ao seu melhor jornalista uma matéria especial.
- Quero uma matéria imparcial, neutra, independente, sobre o presidente da República.
Aí, o jornalista, com seus mais de 20 anos de janela, indagou, entre atento e sarcástico:
- Mas o senhor a quer contra ou a favor?

Você pode encontrar um jornalista, um escritor ou um radialista imparcial, mas certamente não vai encontrar, por inteiro, um jornal, revista, rádio ou canal de TV ou outro meio qualquer, imparcial.
Quando ouvimos uma crítica direcionada a algum político ou grupo, em qualquer meio de comunicação, seguramente, afirmo que ali existe um objetivo. E quando ouvimos um elogio direcionado, fique certo que alguém está pagando o preço.
Alguns profissionais de comunicação aceitam ser “obrigados”, para merecer o salário, a atender tais interesses. Para fazer justiça, necessário se faz dizer que inúmeros motivos podem os levar a tais condições. Tenho um amigo que afirma que: “a miséria corrompe”. Talvez ai a grande explicação para que, com justas exceções, algumas empresas de comunicação, paguem tão mal aos empregados e assim os mantenham num patamar de miséria submetendo-os a tais condições.
Esta é a regra, assim acontece e quem é do ramo fica entre o ditado: “ame-a ou deixe-a”. Eu, ainda, prefiro a preservação ao bom senso e até a busca de novas alternativas.
Desde que atenda seus interesses, um meio de comunicação qualquer pode ser imparcial. Classificaria de hilário saber de um canal qualquer: “aqui somos imparciais”.
Asseguro, pela experiência adquirida ao longo dos anos como comunicador, que verdadeiramente isso não existe. Todo canal de comunicação é instalado em defesa dos interesses de alguém. Se assim não for, será por meros interesses financeiros objetivando lucro, a exemplo de qualquer empresa comercial; e como tal, a organização vai precisar pagar suas contas.
Meu sábio, e já saudoso, avô, propagava que; “Quem não herda, enrica é m....”; “Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro”; e por ai vai. O problema é que há os que não herdaram e que também não podem parar de trabalhar, mas ainda assim querem a qualquer custo ficar ricos ou mais ricos.
Em princípio, as empresas de publicidade e comunicação teriam que sobreviver da venda do que eu chamaria de publicidade comercial. No entanto, admito; disso, é muito difícil um canal de comunicação conseguir pagar suas contas. O preço é muito para quem paga, e pouco para quem recebe. Sendo assim, para engordar o faturamento, os donos, sem opção, visam conseguir, exatamente das “propostas” a atender os “interesses” de algum projeto político ou de alguém que esteja administrando, por coincidência, a coisa pública.
Em síntese: Quando resolverem pagar o valor, a imprensa definirá o lado para o qual agirá de forma imparcial.
O preço disso não é pequeno, e o pior é que acaba sobrando para o povo que fica, além de tantos outros desfalques, mais uma vez, subtraído de melhores investimentos em áreas importantes como saúde, educação e bem estar social.
Quando você ouvir um meio de comunicação batendo em algum político caberá uma ou mais das alternativas a seguir:
1- Trata-se de um adversário político do dono;
2- Existe uma proposta financeira de publicidade sendo analisada;
3- O fato é verdadeiro, mas deixará de ser, no momento certo, pelo preço certo.
A questão maior é: de quem é a culpa? Até quando a imprensa vai agir assim?
Embora existam diversas vertentes para responder tais perguntas, afirmo que enquanto um meio de comunicação tiver dono, não haverá imprensa imparcial.
Diante do exposto, aproveito a oportunidade para deixar um conselho aos colegas de profissão para que não tenham que em algum momento engolir alguns sapos ou passar constrangimentos por afirmações impensadas. Muito cuidado ao pronunciar a frase, “Aqui somos imparciais”. O correto seria, para regar e servir melhor a consciência, dizer: “Eu procuro ser imparcial, mas será que eu posso?”.
Infelizmente é assim.
Amigo leitor,
Até quando você acha que duraria o emprego de um profissional de comunicação que atendesse ao meu conselho?...
Então, quando você ouvir ou ler a famosa frase: “aqui somos imparciais”, perdoe o profissional.
Em nome da classe eu agradeço.

José Carlos Benigno é radialista.

sábado, julho 14, 2007

JACOBINA 306 ANOS DE OURO, 127 DE EMANCIPAÇÃO E QUANTO DE APROVEITAMENTO?


Poucas pessoas não tiveram o privilégio de assistir filmes que diziam respeito ao velho Oeste americano.
Inúmeros títulos nos fazem relembrar e até nos remotam ao romantismo da época do extinto Cine Payayá. Dólar Furado, Red River, Sete Homens e um Destino, Pânico no Arizona, Assim Foi o Oeste e centenas de outros que exemplificariam em seus enredos a época que me inspirou para o conteúdo desta crônica.
O curioso, é que nas histórias da maioria dos filmes do gênero o ouro acaba e aparece sempre uma Mina e uma cidade vazia, abandonada porque o seu povo, sem alternativas, evadia-se em busca de outros locais para buscar sobrevivência.
Desde criança, (e olha que já faz muito tempo), sempre me perguntei: por que as cidades das minas nos filmes, em sua maioria, sempre apareciam abandonadas?
Lembro-me que, nos enredos, a briga entre os “sócios das minas” acontecia sempre porque havia discórdia sobre quantidade de ouro que era extraída.

No dia cinco de junho do ano de 1997, por volta das 12h45m, uma quinta-feira, a cidade de Jacobina viveu algo curioso em relação aos fatos narrados:
Um avião decolou da cabeceira 14 da pista de Jacobina, com destino a Salvador. Teria sido apenas mais um fato de rotina, no aeroporto, mas imediatamente após a decolagem, a aeronave iniciou uma curva acentuada à esquerda e, logo após, a baixa altura, perdeu o controle em vôo e colidiu com um poste de energia elétrica, que fica ao lado da BR que margeia a pista do aeroporto, e, após, com o solo. Como conseqüência dos impactos os quatro ocupantes faleceram no local.

Segundo o laudo pericial da Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, (na época DAC), “a hipótese mais provável para a ocorrência do acidente foi a falha do motor esquerdo por falta de alimentação de combustível, pois a aeronave decolou de Salvador para Jacobina com a seletora de combustível em “interno”. O tempo de vôo até Jacobina foi acrescido em 50 minutos, em decorrência das condições meteorológicas adversas. Em Jacobina, o mecânico da aeronave realizou um cheque no motor esquerdo, girando-o por cinco minutos e, em seguida, foi iniciada a decolagem às pressas para Salvador, para que a carga fosse embarcada para São Paulo às 15:30”.

Parece que havia determinações em função de algo muito importante na carga que a preocupação confundiu o raciocínio dos pilotos e deixou uma única opção aos tripulantes: decolar, para atender o horário, ainda que isso custasse suas vidas.

O detalhe: a carga a que se refere o laudo pericial da Anac era ouro, puro ouro maciço e era rotina um avião decolar semanalmente do aeroporto de Jacobina com destino até então ignorado pela população, mas sabendo-se que naqueles vôos semanais levavam a produção do ouro que era extraído durante cada semana.
Informações não oficiais, na época, davam conta que a mina extrairia cerca de 80 kg semanalmente, o fato é que curiosos teriam constatado, pela quantidade de barras que foram encontradas nos destroços do avião logo imediatamente ao acidente, que mais de 200 kg do valoroso metal estariam sendo transportados. Como poderia estar ali a produção de mais de uma semana se todas as quintas-feiras um avião levava a carga?
O Fato nos leva a um questionamento que coincide com as discordâncias da era dos filmes americanos no que diz respeito a quantidade de ouro extraída. Ao que parece o mito acompanha, também, o precioso metal amarelo de nossa terra.

Da ficção para a realidade nossas minas estão sendo exploradas por multinacionais há muitos anos, e sempre com as mesmas incógnitas: Verdadeiramente, quantos quilos de ouro se extraem de Jacobina? Quanto a empresa operadora recolhe de impostos ao nosso município? O valor recolhido é real ao que se extrai? Quem fiscaliza isso? E para finalizar, quem se preocupa com isso?
Já é mais que hora de haver uma preocupação.
Antes que a Mina de Ouro de Jacobina seja esgotada totalmente e se torne uma mina abandonada, a cidade sofra os impactos econômicos negativos os quais já nos serviram de experiência negativa num passado não muito distante, rogamos as autoridades ações para obtermos as respostas as perguntas acima e caso sejam procedentes em relação aos fatos sejam tomadas as devidas providências para que a partir dos 127 anos de emancipação política Jacobina possa finalmente tirar o merecido e real proveito dos valores que verdadeiramente lhe cabem e lhe são de direito, afinal foi no ano 1701 que se descobriram as primeiras minas de ouro por aqui, e, após mais de 306 anos ainda não sabemos quanto temos ou quanto representa para nossa economia o ouro que daqui sai, e de que forma, verdadeiramente, a cidade pode ser beneficiada com o os frutos da semente que deu existência a nossa história, a nossa gente.

Qualquer semelhança com os filmes do velho oeste americano será mera coincidência!

José Carlos Benigno 14.07.2007

quarta-feira, junho 27, 2007

OS CONGRESSISTAS TAMBÉM AMAM


O polêmico e mais recente episódio, que tem como palco o Senado brasileiro, envolvendo o presidente da Casa, o senador Renan Calheiros, tem sido o prato principal da mídia que precisa de notícia, e esta, sem dúvida nenhuma, é um prato cheio para os jornalistas. Em que pese o fato das suspeições de favorecimento a um lobista em torno do caso, o foco tem sido mesmo é a bela jornalista que acabou não resistindo à “beleza” (do gordo salário) do senador em questão.
E parece que este não é o caso que inaugura o assunto no Senado nem também é a primeira vez que os que deveriam apurar os fatos dessa natureza estão querendo tirar o braço da seringa. Quem não se lembra de semelhante episódio envolvendo o então senador Fernando Henrique Cardoso, que também não resistiu aos “dotes jornalísticos do sexo oposto” e resolveu degustar um suco de saliva de mais uma apetitosa jornalista da Rede Globo? E já naquela época todos ficaram sabendo; mas, a exemplo do caso de agora, ninguém quis apurar os fatos; e ainda foram muitos os que cercaram Fernando Henrique Cardoso, e sua “degustiva extraconjugal”, de uma blindagem que acabou levando a princesa e o seu rebento a morarem na Espanha com direito a milhares de reais, bancados de alguma forma, talvez, por nós, para garantir à princesa uma vida de rainha.
Nós, brasileiros, não devemos nos acomodar diante de tais fatos; mas estamos habituados a ver e ouvir os mais aberrantes e hilários acontecimentos envolvendo os políticos da nossa grande Nação. O governo Lula, parece, já nos garante, seja, o que mais investigou tais episódios. Temos visto todos os tipos de casos políticos: investigados, processados, cassados, presos e até, direitos políticos cassados. É comissão de ética para investigar tudo que se pode imaginar, desde outrora, uma curiosidade do senador Antônio Carlos Magalhães, que, na época, lhe custou a renúncia ao cargo (inclusive com a descoberta de mais um affair que envolvia a senadora Heloísa Helena, à época do PT, com o então senador Luiz Estevão), passando, já agora no governo do PT, por investigação de mensalinho, mensalão, derrubando muita gente grande (até o mentor “Che Guevara” de Lula), dinheiro na cueca, até a investigação do porquê o transponder não funcionou e supostamente controladores de vôo são responsáveis pela morte de 154 pessoas vítimas de queda do avião da Gol, registrado como o maior acidente aéreo da história da aviação brasileira.
Diante de imorais incidentes, a pergunta que devemos fazer é: por que temos gente com coragem para investigar tanta coisa errada, inclusive as que ferem na própria carne, como disse o presidente, e esta mesma gente, não quer investigar os casos alusivos a “Romeu e Julieta” dos colegas no Senado?
A resposta a esta pergunta talvez esteja melhor explicada num caso que li certa ocasião sobre Mahatma Gandhi: Conta o escritor que certa vez uma senhora, após convencida de que não seria capaz de retrucar o seu filho, foi aconselhada a levar o menino até o grande mestre para que o mesmo fizesse com que o jovem parasse de comer açúcar. Lá chegando, a genitora explica a Gandhi sobre a presença dela ali e pede ao mestre que solicite ao menino que pare de comer açúcar. O mestre fita os olhos na criança por alguns instantes e depois se vira para aquela desesperada mãe, pede que traga a criança na próxima semana, e volta a meditar.
A mulher fica decepcionada, sem entender aquela atitude do guru, mas, em se tratando do grande mestre, resolve obedecer, voltando uma semana depois. Assim que ela entrou na tenda, Gandhi determinou à criança em tom de voz firme: “Meu filho, pare de comer açúcar!”
O garoto obedece e promete nunca mais comer açúcar. A mãe resolve indagar: “Mestre, por que já na semana passada não mandou que ele parasse de comer açúcar?”
O mestre responde: “Minha senhora, na semana passada, eu também não conseguia parar de comer açúcar.”
A mensagem nos leva a questionar: será que a maioria dos nossos congressistas não está comendo açúcar demais? Acredito que com tantas apetitosas jornalistas, “escolhidas a dedo”, de olho na “beleza” (dos gordos salários) dos senadores, ainda vamos levar algum tempo para que nossos representantes no Congresso tenham coragem, e, sobretudo, consciência tranqüila, para determinar a algum colega em tom de voz também firme: “Determino que vossa excelência pare de ‘comer tanto açúcar’”... (Ou outra coisa em questão).
Talvez seja oportuno plagiar, também, o que disse o grande mestre, o rei dos reis, até mixando um pouco: “Quem dos congressistas tem a coragem de atirar a primeira pedra? Que atire aquele que não errou por amor!”
Que atire a primeira pedra aquele que não mandou, por intermediário, cem mil reais ou outro valor qualquer, para o pagamento da pensão alimentícia... Enfim um assunto que silencia o barulhento plenário do Congresso Nacional...
Ainda que exista uma hierarquia a ser respeitada, parece que a determinação vem dos ministérios; se você duvida, rememore a recente frase da ministra Marta Suplicy: “Relaxe e goze”...
Pelo visto a ordem do dia, e extensiva ao mandato, é obedecer...

*José Carlos Benigno é empresário e radialista.
26 de junho de 2007.

sexta-feira, abril 13, 2007

DISCURSO PROFERIDO NO PLENÁRIO DA CÂMARA DE VEREADORES DE JACOBINA, DIA 11.04.2007, EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE


Senhor Presidente, Senhores Vereadores, Sras. Vereadoras, demais membros desta casa, público aqui presente:

Durante a última semana a imprensa divulgou um relatório da ONU que nos trouxe informações preocupantes e estarrecedoras:

Anotei alguns tópicos:

- O nível do mar pode subir de maneira catastrófica nos próximos séculos se os gases de efeito estufa continuarem a subir no ritmo atual.
- Ainda sobre o tema um outro estudo publicado na revista especializada Science sugere um patamar que poderia provocar um aumento do nível do mar de vários metros e que pode ser alcançando antes do fim deste século. Centenas de cidades costeiras desapareceriam engolidas pelas águas do mar.
- Em relação aos recursos hídricos do planeta, dois em cada três habitantes estão ameaçados com a escassez de água até 2025.

- A Floresta Amazônica pode ter seca extrema a partir de 2071.


Sr. Presidente:

Apesar de não ser filho de Jacobina sou um apaixonado por essa terra. Seguramente existe algo mágico aqui, Sr. Presidente!

Jacobina é uma cidade contemplada com uma situação Geográfica privilegiada, circundada por cadeias montanhosas que nos proporcionam um clima agradável e nos prerrogam valores que outras regiões certamente gostariam de ter, mas estamos, a exemplo do resto do mundo, diante de uma situação que, se não tomarmos as devidas providências, nosso futuro não nos garante essas prerrogativas.

Entendo, Sr. Presidente, que esta casa pode e deve interceder com medidas que seguramente podem nos garantir dias melhores nesse sentido.

Acredito que muito pode ser feito.
O que passo a narrar é apenas fruto da minha vaga lembrança momentânea e acho que a partir de então poderemos, juntos, enriquecer o tema com a colaboração de Vossas Excelências.

É importante alertar que devemos ter o cuidado pra que essa preocupação não nos torne demagogos ou não emperre na demagogia, e seja esquecida já no começo, não passando apenas da força emocional que nos move por tudo que estamos vendo e ouvindo na TV e em outros meios de comunicação a respeito das catastróficas mudanças climáticas, quem vêm doravante, conseqüentes das ações nocivas de parte dos habitantes desse planeta.

Sr. Presidente:
Cuidando da nossa terra, e melhorando a consciência da nossa gente, já estaremos, ainda que não seja o suficiente, dando uma grande contribuição no cumprimento da nossa parte.

Começaria lembrando a quantidade de pessoas que trabalham nas pedreiras, localizadas, no Alto da Serra do Tombador e desenvolvem uma atividade que, por ser realizada sem nenhum critério, vem causando sérios prejuízos ambientais.

Diversas nascentes estão morrendo por conseqüências do desmatamento e do deslocamento das pedras, feitos para facilitar e aumentar a produção ali almejada.

É importante lembrar que centenas de famílias conseguem seu sustento dessa profissão, e quero deixar bem claro Sr. Presidente, que não estou propondo acabar com a atividade, mas é preciso fazer um estudo mais criterioso, no sentido de organizar a extração para que amanhã não sejamos vitimas das respostas da natureza a exemplo do que está acontecendo no restante do mundo.

Outro problema grave que esta casa deve interceder com urgência; sou também um pequeno agricultor/pecuarista naquela região e tenho sido testemunha ocular, da ação nociva do homem que vem desmatando aceleradamente, sem nenhum critério, acredito que, por falta de apoio e de conhecimentos acaba não fazendo o devido reflorestamento; e essa situação não é única da Serra do Tombador. A madeira extraída é vendida de forma ilegal e serve para alimentar as cerâmicas, instaladas em nosso município que compram toda produção que de lá, e de outros locais, é subtraída.

Os pecuaristas, da região que fica abaixo da Serra, alguns por falta de informação, cultura, outros até conscientes da ação e ai caracteriza irresponsabilidade, praticam as chamadas queimadas de pastos, essa atitude tem causado sérios prejuízos não só ao meio ambiente, destruindo a flora, como também aos proprietários de terras que ficam no alto da serra, pois o vento sopra favorável aos acidentes, e são inúmeros já ocorridos naquela região, registre-se ainda que milhares de animais morrem queimados, todos os anos, durante o abominável período das queimadas.

Os caçadores são autores de outro problema gravíssimo, um atentado a nossa fauna. Crimes bárbaros cometidos contra as diversas espécies de animais que habitam o Portal da Chapada Diamantina. Veados, Cutias, tatus, tamanduás onças, e várias espécies exóticas serão, em pouco tempo, praticamente extintos da região se providências urgentes não forem tomadas.

Precisamos fazer valer o Código do Meio Ambiente. Cobrar do Poder Executivo e até do Judiciário uma ação mais eficaz no sentido de fazer valer aquilo que lá está escrito.

É preciso implantar o reflorestamento de nossas serras urgentemente, quem foi criança em Jacobina, sabe como é saudoso lembrar as colheitas do Cambuí, fruto nativo que está sendo extinto pela malvada ação irresponsável daqueles que ateiam fogo na vegetação das nossas montanhas, seguramente, pela certeza da impunidade oriunda da falta de uma ação mais eficaz por parte dos poderes constituídos, não cumprido as leis que devem ser aplicadas a aqueles infratores.

Enquanto radialista defendi a criação de uma guarda florestal em nosso município, entendo que só dessa forma teríamos pessoas treinadas e capacitadas para o combate aos infratores e na defesa do nosso, riquíssimo, patrimônio ecológico.

E nesse caso, Sr. Presidente, me conforta o fato de Já existir meio caminho andado haja vista temos, de forma voluntária, o Grupo Ecológico Serra Verde que faz um trabalho exemplar, jovens que dedicam e arriscam suas vidas no combate a incêndios criminosos contra a fauna e a flora de nossas serras.

Sei das dificuldades burocráticas que Vossas Excelências enfrentariam no momento da criação de um projeto de lei como esse que legalizaria, com um maior aprofundamento naquilo que compete ao fator institucional, o Grupo como Guarda Florestal, já que estaríamos alterando as finanças da Prefeitura!!! Mas diante da importância do tema no momento, pediria as Srs. Edis que pensassem com carinho no assunto, ainda que o projeto tenha que partir do executivo municipal em virtude da alteração orçamentária nas finanças do município.

Não tenho conhecimento se já existe, mas em caso negativo, sugiro aos Srs. Vereadores um projeto de lei que implante com urgência e de forma obrigatória a matéria Educação Ambiental, nas escolas do nosso município, principalmente, nos períodos de ensino fundamental, onde estaríamos assim plantando uma consciência mais responsável nos nossos jovens e contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos nossos sucessores, e ainda, criando guerreiros do futuro para defesa do meio ambiente. Seguramente daríamos um exemplo ao resto do País Senhor Presidente!

Jacobina tem ainda, dois presentes, dádivas divinas, os rios do Ouro e Itapicuru.

O alerta da ONU nos trouxe a informação que até o final do século, as alterações climáticas farão com que a escassez de água afete entre 1,1 e 3,2 bilhões de pessoas, com um aumento médio de temperatura na ordem de 2 a 3 graus.
E nós aqui, inconscientemente, estamos contribuindo com essa previsão, matando um pouco a cada dia essas fontes de vida que temos chamadas de: Rios do Ouro e Itapicurú. Já é mais que a hora de acordar!!!!!!!!

Sabemos das obras, de saneamento básico, que estão sendo realizadas em nossa cidade, fruto da cobrança organizada da sociedade local como um todo em parceria com esta casa, fato que certamente ajudará na recuperação e preservação desses rios, mas lamentavelmente, toda população é conhecedora da morosidade dessas obras. Esta casa precisa cobrar celeridade dos responsáveis na execução dos serviços!

Sabemos ainda que, de forma lamentável, o investimento não será suficiente para atender a real necessidade que garantiria a vida dos rios já desta feita. Muito ficará por fazer. Vejam Srs. Vereadores lembrem-se! Quantos anos foram necessários para despertar a sensibilidade de alguém, esperaremos mais quanto tempo? 100 anos? 200? Até que alguém possa nos contemplar novamente com os valores para a realização do restante das obras?
Entendo que não devemos nos contentar com tal feitio, é nosso dever, enquanto cidadãos, e de Vossas Excelências como autênticos representantes do povo, cobrar dos políticos que representam essa região nas esferas estadual e federal a alocação dos recursos necessários para que definitivamente tenhamos, todos os esgotos que hoje correm em direção a essas duas veias importantes para a vida do povo de nossa cidade tomando outro curso, e os rios tenham, por fim, suas vidas garantidas, ao menos, as gerações futuras.
É necessário lembrar que a população terá sua parcela de responsabilidade. Entra a partir daí, os poderes locais, com um trabalho de conscientização da sociedade no sentido de preservar as nascentes, os leitos e as matas ciliares.
Estudos comprovam que a preservação e a recuperação das matas ciliares, aliadas às práticas de conservação e ao manejo adequado do solo, garantem a proteção de um dos principais recursos naturais: a água.

Temos outro patrimônio fabuloso em nossa geografia denominado de Lagoa de Antonio Teixeira Sobrinho, sugiro aos nobres Edis que indiquem em caráter de urgência ao poder executivo a necessidade de incentivar o reflorestamento da referida lagoa através da doação de mudas florestais nativas e frutíferas aos ribeirinhos; a medida certamente ajudará na sua proteção como também garantirá no futuro o nível de suas águas por um período mais prolongado. E aqui Sr. Presidente, poderíamos colocar o reflorestamento da Lagoa, como atividade de currículo escolar o que facilitaria o aprendizado na prática e ainda desoneraria o município de custos de mão de obra, em que os próprios alunos plantariam as árvores e ganhariam consciência sobre a importância da preservação ambiental. Essa atividade poderia, inclusive, ser estendida ao reflorestamento das nascentes.

Ainda como sugestão aos senhores vereadores; indicar ao poder executivo, (e cobrar), a necessidade de se fazer um levantamento das principais nascentes em nosso município para, depois de catalogadas, pudessem ser reflorestadas e acompanhadas para garantirmos assim a preservação da biodiversidade e do patrimônio genético da flora e da fauna o que ajudaria buscar um equilíbrio biológico duradouro, principalmente em nossas serras, essencial a uma melhor qualidade de vida pra todos nós.

Sr. Presidente: como vemos, existe muito a ser cobrado e muito a ser feito, mas acima de tudo, existe algo com um valor muito maior que qualquer afirmação ou cobrança, que eu, ou qualquer um de nós possa fazer nesse momento, algo de uma importância imensurável pra se pensar quando o assunto é esse estando no nível em que se encontra:

Está em jogo nosso futuro! Sem isso, fatalmente, ele não existirá! Está em jogo, a vida de cada um de nós!!!

Existem muitas outras questões que carecem de debates em Jacobina por esse aspecto ambiental, mas em nome do tempo, devo parar por aqui, Sr. Presidente, esperançoso de que meu alerta possa servir como pontapé inicial para uma discussão que, sem dúvida nenhuma, merece toda nossa atenção e que dará maior valor ainda a esta casa por sair na vanguarda de tão nobre causa, a exemplo de tudo de mais importante que passou, de forma atenuante, por esse plenário ao logo de sua história.

Finalizo minhas palavras, com uma frase que me veio à mente, alguns anos atrás, na cidade de Ourolândia, numa palestra que ministrei para alguns jovens que na oportunidade adentravam a faculdade, frase esta que foi adotada pela, então, secretária de educação, daquele município, a professora Alessandra Vasconcelos, e acabou virando tema da educação por lá:

“A cidade que mais cresce não é aquela que aumenta o número de suas casas, mas a que melhora a consciência do seu povo” (José Carlos Benigno).

Muito obrigado Sr. Presidente!

Jacobina Ba, 07/04/2007
Sala das Sessões, 11 de abril de 2007