Certa vez um famoso editor de um diário paulistano encomendou ao seu melhor jornalista uma matéria especial.
- Quero uma matéria imparcial, neutra, independente, sobre o presidente da República.
Aí, o jornalista, com seus mais de 20 anos de janela, indagou, entre atento e sarcástico:
- Mas o senhor a quer contra ou a favor?
Você pode encontrar um jornalista, um escritor ou um radialista imparcial, mas certamente não vai encontrar, por inteiro, um jornal, revista, rádio ou canal de TV ou outro meio qualquer, imparcial.
Quando ouvimos uma crítica direcionada a algum político ou grupo, em qualquer meio de comunicação, seguramente, afirmo que ali existe um objetivo. E quando ouvimos um elogio direcionado, fique certo que alguém está pagando o preço.
Alguns profissionais de comunicação aceitam ser “obrigados”, para merecer o salário, a atender tais interesses. Para fazer justiça, necessário se faz dizer que inúmeros motivos podem os levar a tais condições. Tenho um amigo que afirma que: “a miséria corrompe”. Talvez ai a grande explicação para que, com justas exceções, algumas empresas de comunicação, paguem tão mal aos empregados e assim os mantenham num patamar de miséria submetendo-os a tais condições.
Esta é a regra, assim acontece e quem é do ramo fica entre o ditado: “ame-a ou deixe-a”. Eu, ainda, prefiro a preservação ao bom senso e até a busca de novas alternativas.
Desde que atenda seus interesses, um meio de comunicação qualquer pode ser imparcial. Classificaria de hilário saber de um canal qualquer: “aqui somos imparciais”.
Asseguro, pela experiência adquirida ao longo dos anos como comunicador, que verdadeiramente isso não existe. Todo canal de comunicação é instalado em defesa dos interesses de alguém. Se assim não for, será por meros interesses financeiros objetivando lucro, a exemplo de qualquer empresa comercial; e como tal, a organização vai precisar pagar suas contas.
Meu sábio, e já saudoso, avô, propagava que; “Quem não herda, enrica é m....”; “Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro”; e por ai vai. O problema é que há os que não herdaram e que também não podem parar de trabalhar, mas ainda assim querem a qualquer custo ficar ricos ou mais ricos.
Em princípio, as empresas de publicidade e comunicação teriam que sobreviver da venda do que eu chamaria de publicidade comercial. No entanto, admito; disso, é muito difícil um canal de comunicação conseguir pagar suas contas. O preço é muito para quem paga, e pouco para quem recebe. Sendo assim, para engordar o faturamento, os donos, sem opção, visam conseguir, exatamente das “propostas” a atender os “interesses” de algum projeto político ou de alguém que esteja administrando, por coincidência, a coisa pública.
Em síntese: Quando resolverem pagar o valor, a imprensa definirá o lado para o qual agirá de forma imparcial.
O preço disso não é pequeno, e o pior é que acaba sobrando para o povo que fica, além de tantos outros desfalques, mais uma vez, subtraído de melhores investimentos em áreas importantes como saúde, educação e bem estar social.
Quando você ouvir um meio de comunicação batendo em algum político caberá uma ou mais das alternativas a seguir:
1- Trata-se de um adversário político do dono;
2- Existe uma proposta financeira de publicidade sendo analisada;
3- O fato é verdadeiro, mas deixará de ser, no momento certo, pelo preço certo.
A questão maior é: de quem é a culpa? Até quando a imprensa vai agir assim?
Embora existam diversas vertentes para responder tais perguntas, afirmo que enquanto um meio de comunicação tiver dono, não haverá imprensa imparcial.
Diante do exposto, aproveito a oportunidade para deixar um conselho aos colegas de profissão para que não tenham que em algum momento engolir alguns sapos ou passar constrangimentos por afirmações impensadas. Muito cuidado ao pronunciar a frase, “Aqui somos imparciais”. O correto seria, para regar e servir melhor a consciência, dizer: “Eu procuro ser imparcial, mas será que eu posso?”.
Infelizmente é assim.
Amigo leitor,
Até quando você acha que duraria o emprego de um profissional de comunicação que atendesse ao meu conselho?...
Então, quando você ouvir ou ler a famosa frase: “aqui somos imparciais”, perdoe o profissional.
Em nome da classe eu agradeço.
José Carlos Benigno é radialista.
7 comentários:
José Carlos, muito bom mesmo este artigo sobre a parcialidade gritante que há na Imprensa. Concordo com você em número, gênero e grau. No Brasil, a meu ver, há um veículo de comunicação que chega perto do ideal: a Folha de S. Paulo. Veja bem: eu disse que chega perto. Não existe veículo de comunicação 100% isento, 100% neutro. Há alguns, em nossa região, que, longe disso, são extremamente tendenciosos, não fazendo questão alguma de pelo menos dissimular isso. Mas há uma atenuante: é melhor viver num regime democrático do que num regime ditatorial. Pelo menos nos resta este consolo. José Carlos, um pedido: continue escrevendo. Você escreve bem pacas, cara. Tenho orgulho de ser seu amigo. Um abração e bom domingo!
Corino Rodrigues de Alvarenga
José Carlos, muito bom mesmo este artigo sobre a parcialidade gritante que há na Imprensa. Concordo com você em número, gênero e grau. No Brasil, a meu ver, há um veículo de comunicação que chega perto do ideal: a Folha de S. Paulo. Veja bem: eu disse que chega perto. Não existe veículo de comunicação 100% isento, 100% neutro. Há alguns, em nossa região, que, longe disso, são extremamente tendenciosos, não fazendo questão alguma de pelo menos dissimular isso. Mas há uma atenuante: é melhor viver num regime democrático do que num regime ditatorial. Pelo menos nos resta este consolo. José Carlos, um pedido: continue escrevendo. Você escreve bem pacas, cara. Tenho orgulho de ser seu amigo. E não sou amigo do talento em si, mas do dono do talento. Um abração e bom início de semana!
Corino Rodrigues de Alvarenga
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Muito bom o texto pela revelação do que tantos querem esconder: a maneira sórdida e às vezes criminosa como agem donos e profissionais dos meios de comunicação. Contudo acredito que mesmos os mais imorais deste ambiente de trabalho para não serem processados criminal (calúnia, difamação, injúria) e civilmente devem ao divulgarem uma notícia se precaverem sobre a ocorrência ou não do fato.
Em torno da certeza da existência de fatos muitos filósofos já gastaram muita tinta e muito papel sem que se possa hoje dizer de forma categórica que o assunto esteja difinitivamente demarcado em favor dos que afirmam que fato é uma coisa e versão é outra.
Ainda assim a vida prática nos permite afirmar que é possível ter a convicção de que fato é fato, versão é versão, ficção é ficção. Vender ficção (fato não ocorrido) como se fosse fato ou inventar uma versão para vendê-la como fato é uma coisa antiética, fraude. Interpretações, análises e explicações também não podem ser vendidas como fatos embora se amparem em fatos.
Mas afinal o que é fato? Fato é um acontecimento provado; desta relação entre fato e prova surge o conceito de verdade pois fato narrado e não provado é fato inexistente, ficção, daí só fala a verdade quem prova o que narra.
Cínicos e sofistas (atendo-me somente à existência destas duas correntes filosóficas) não crêem na existência da verdade, para eles tudo é uma questão de ponto de vista, em síntese.
Desta barafunda de conceitos resta-nos uma pergunta: o que é a imparcialidade? A resposta nos prece óbvia: IMPARCIALIDADE é a fidelidade aos fatos seja como intérprete, analista ou simples narrador. Quanto mais rente aos fatos é feita a interpretação ou a análise mais imparcial é o intérprete pois só agindo assim é possivel manter-se fiel à VERDADE FACTUAL.
A fidelidade à VERDADE FACTUAL pode ser um objetivo difícil de ser alcançado mas é importante tê-lo como meta mesmo que não seja por questões éticas, que seja para evitar os processos deflagrados pelas ações indenizatórias por danos morais pois devemos tomar como exemplo o fato de que um jornal em Jacobina está à beira da falência por ações reparatórias de danos morais.
Parabéns Zé Carlos pelo texto corajoso. Continue escrevendo.
Muito bom o texto pela revelação do que tantos querem esconder: a maneira sórdida e às vezes criminosa como agem donos e profissionais dos meios de comunicação. Contudo acredito que mesmos os mais imorais deste ambiente de trabalho para não serem processados criminal (calúnia, difamação, injúria) e civilmente devem ao divulgarem uma notícia se precaverem sobre a ocorrência ou não do fato.
Em torno da certeza da existência de fatos muitos filósofos já gastaram muita tinta e muito papel sem que se possa hoje dizer de forma categórica que o assunto esteja difinitivamente demarcado em favor dos que afirmam que fato é uma coisa e versão é outra.
Ainda assim a vida prática nos permite afirmar que é possível ter a convicção de que fato é fato, versão é versão, ficção é ficção. Vender ficção (fato não ocorrido) como se fosse fato ou inventar uma versão para vendê-la como fato é uma coisa antiética, fraude. Interpretações, análises e explicações também não podem ser vendidas como fatos embora se amparem em fatos.
Mas afinal o que é fato? Fato é um acontecimento provado; desta relação entre fato e prova surge o conceito de verdade pois fato narrado e não provado é fato inexistente, ficção, daí só fala a verdade quem prova o que narra.
Cínicos e sofistas (atendo-me somente à existência destas duas correntes filosóficas) não crêem na existência da verdade, para eles tudo é uma questão de ponto de vista, em síntese.
Desta barafunda de conceitos resta-nos uma pergunta: o que é a imparcialidade? A resposta nos parece óbvia: IMPARCIALIDADE é a fidelidade aos fatos seja como intérprete, analista ou simples narrador. Quanto mais rente aos fatos é feita a interpretação ou a análise mais imparcial é o intérprete pois só agindo assim é possivel manter-se fiel à VERDADE FACTUAL.
A fidelidade à VERDADE FACTUAL pode ser um objetivo difícil de ser alcançado mas é importante tê-lo como meta mesmo que não seja por questões éticas, que seja para evitar os processos deflagrados pelas ações indenizatórias por danos morais pois devemos tomar como exemplo o fato de que um jornal em Jacobina está à beira da falência por ações reparatórias de danos morais.
Parabéns Zé Carlos pelo texto corajoso. Continue escrevendo.
Depois deste texto tão corajoso e sincero de Zé Carlos Benigno resolvi escrever o resultado de minhas observações sobre os meios de comunicação em Jacobina nos últimos anos.
Jacobina é uma usina de produção de um tipo conhecido: o puxa-saco. Desde o começo dos anos oitenta que esta produção tem aumentado e em tal quantidade e qualidade que tem gerado o “puxa-saco tipo exportação” - alguns com qualificação universitária com diploma em direito ou agronomia.
Com a abundância dos meios de comunicação em Jacobina surgiu o puxa-saco comunicador, o equivalente do personal puxa-saco mas com a habilitação de semi-analfabeto enquistado nos meios de comunicação dada a desnecessidade de diploma para vender frases como jornalista.
Indiscutível que há muito a condição de puxa-saco se tornou uma profissão, uma forma de ganhar a vida, de maneira imoral como as cafetinas, proxenetas, pistoleiros, alcaguetes, mas indiscutivelmente uma forma de ganhar o sustento.
A principal desqualificação para o exercício regular desta profissão é a falta de amor próprio e a sabujice dos aduladores dos poderosos e ricos. Digo rico mas para contratar os serviços um puxa-saco basta ser remediado.
Ganhar a vida de maneira digna e altiva é difícil daí o puxa-saco ver no puxa-saquismo um atalho que só ele é capaz de vislumbrar quando na verdade só ele com a desqualificação que Deus lhe deu é capaz de estar preparado para o exercício desta indigna profissão.
Como tipo humano o puxa-saco presta serviços análogos ao de pistoleiro sem nenhum tipo de remorso. Desse modo é um tipo humano pior que Judas pois a este sobrou um tantinho de honradez, o que o conduziu ao resgate de sua dignidade pelo suicídio, um gesto impensável para um puxa-saco profissional.
O puxa-saco é detectado até por um cego constatado que exala um cheiro repugnante, cheiro de cachorro molhado. Mas não confunda o cheiro com o animal pois os cães têm a virtude da lealdade e comparar neste aspecto os puxa-sacos com os cães é uma ofensa a estes animais de virtudes nobres.
Um aviso aos navegantes: se você não é descarado, tem brios e considera sua honra e seu nome a coisa mais preciosa de sua vida nem tente iniciar carreira nesta profissão pois vai fracassar. Só os que têm no código genético o gen da subserviência dos alcaguetes e proxenetas alcançam os postos mais altos desta sofrida e miserável profissão.
Mas caso queira tentar ou prosseguir insistindo em subir na vida alcançando os mais altos postos neste esgoto que é a profissão de puxa-saco não deve o infeliz esquecer jamais nos momentos em que amargar o desprezo das pessoas dignas: TODO CASTIGO PARA CORNO É POUCO.
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