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sábado, julho 14, 2007

JACOBINA 306 ANOS DE OURO, 127 DE EMANCIPAÇÃO E QUANTO DE APROVEITAMENTO?


Poucas pessoas não tiveram o privilégio de assistir filmes que diziam respeito ao velho Oeste americano.
Inúmeros títulos nos fazem relembrar e até nos remotam ao romantismo da época do extinto Cine Payayá. Dólar Furado, Red River, Sete Homens e um Destino, Pânico no Arizona, Assim Foi o Oeste e centenas de outros que exemplificariam em seus enredos a época que me inspirou para o conteúdo desta crônica.
O curioso, é que nas histórias da maioria dos filmes do gênero o ouro acaba e aparece sempre uma Mina e uma cidade vazia, abandonada porque o seu povo, sem alternativas, evadia-se em busca de outros locais para buscar sobrevivência.
Desde criança, (e olha que já faz muito tempo), sempre me perguntei: por que as cidades das minas nos filmes, em sua maioria, sempre apareciam abandonadas?
Lembro-me que, nos enredos, a briga entre os “sócios das minas” acontecia sempre porque havia discórdia sobre quantidade de ouro que era extraída.

No dia cinco de junho do ano de 1997, por volta das 12h45m, uma quinta-feira, a cidade de Jacobina viveu algo curioso em relação aos fatos narrados:
Um avião decolou da cabeceira 14 da pista de Jacobina, com destino a Salvador. Teria sido apenas mais um fato de rotina, no aeroporto, mas imediatamente após a decolagem, a aeronave iniciou uma curva acentuada à esquerda e, logo após, a baixa altura, perdeu o controle em vôo e colidiu com um poste de energia elétrica, que fica ao lado da BR que margeia a pista do aeroporto, e, após, com o solo. Como conseqüência dos impactos os quatro ocupantes faleceram no local.

Segundo o laudo pericial da Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, (na época DAC), “a hipótese mais provável para a ocorrência do acidente foi a falha do motor esquerdo por falta de alimentação de combustível, pois a aeronave decolou de Salvador para Jacobina com a seletora de combustível em “interno”. O tempo de vôo até Jacobina foi acrescido em 50 minutos, em decorrência das condições meteorológicas adversas. Em Jacobina, o mecânico da aeronave realizou um cheque no motor esquerdo, girando-o por cinco minutos e, em seguida, foi iniciada a decolagem às pressas para Salvador, para que a carga fosse embarcada para São Paulo às 15:30”.

Parece que havia determinações em função de algo muito importante na carga que a preocupação confundiu o raciocínio dos pilotos e deixou uma única opção aos tripulantes: decolar, para atender o horário, ainda que isso custasse suas vidas.

O detalhe: a carga a que se refere o laudo pericial da Anac era ouro, puro ouro maciço e era rotina um avião decolar semanalmente do aeroporto de Jacobina com destino até então ignorado pela população, mas sabendo-se que naqueles vôos semanais levavam a produção do ouro que era extraído durante cada semana.
Informações não oficiais, na época, davam conta que a mina extrairia cerca de 80 kg semanalmente, o fato é que curiosos teriam constatado, pela quantidade de barras que foram encontradas nos destroços do avião logo imediatamente ao acidente, que mais de 200 kg do valoroso metal estariam sendo transportados. Como poderia estar ali a produção de mais de uma semana se todas as quintas-feiras um avião levava a carga?
O Fato nos leva a um questionamento que coincide com as discordâncias da era dos filmes americanos no que diz respeito a quantidade de ouro extraída. Ao que parece o mito acompanha, também, o precioso metal amarelo de nossa terra.

Da ficção para a realidade nossas minas estão sendo exploradas por multinacionais há muitos anos, e sempre com as mesmas incógnitas: Verdadeiramente, quantos quilos de ouro se extraem de Jacobina? Quanto a empresa operadora recolhe de impostos ao nosso município? O valor recolhido é real ao que se extrai? Quem fiscaliza isso? E para finalizar, quem se preocupa com isso?
Já é mais que hora de haver uma preocupação.
Antes que a Mina de Ouro de Jacobina seja esgotada totalmente e se torne uma mina abandonada, a cidade sofra os impactos econômicos negativos os quais já nos serviram de experiência negativa num passado não muito distante, rogamos as autoridades ações para obtermos as respostas as perguntas acima e caso sejam procedentes em relação aos fatos sejam tomadas as devidas providências para que a partir dos 127 anos de emancipação política Jacobina possa finalmente tirar o merecido e real proveito dos valores que verdadeiramente lhe cabem e lhe são de direito, afinal foi no ano 1701 que se descobriram as primeiras minas de ouro por aqui, e, após mais de 306 anos ainda não sabemos quanto temos ou quanto representa para nossa economia o ouro que daqui sai, e de que forma, verdadeiramente, a cidade pode ser beneficiada com o os frutos da semente que deu existência a nossa história, a nossa gente.

Qualquer semelhança com os filmes do velho oeste americano será mera coincidência!

José Carlos Benigno 14.07.2007

3 comentários:

Unknown disse...

Parabéns José Carlos Benigno!
Gostei muitíssimo da sua matéria: "de fixão para a realidade", estamos sendo explorados por multinacionais.... no futuro, seremos mais uma realidade dos "antigos" filmes do oeste americano, dos quais também me recordo, na época do antigo "payaya". Você tem razão, com certeza, Jacobina, em um tempo não muito longo, sofrerá os impactos da agressão à natureza, trazendo consigo, desastrosas consequencias para a nossa região, e diretamente à população. Só que, sabe-se que os interesses das autoridades sãos outros. Vivemos o nosso velho sistema capitalista... e então? Continue... vc vai longe!!!

Millena Sampaio Souza disse...

Parabéns Zé..!!
Adorei sua matéria, poderíamos até mesmo acrescentar, com todo respeito e admiração que tenho pelos seus escritos, um subtitulo que basicamente descreveria o que não se vê.." A MÃO INVISVEL", até quando ficaremos embabados com toda essa história de anooooossss..onde só se ouve.." Minha terra tem ouro, cidade do ouro..enfim?
Essa agressão sofrida pelas mãos armadas de soldados genéricos TRAZ (uso o verbo presente porque estamos totalmente alienados quanto à estrondosa EXPLORAÇÃO de "nossas" serras)RUÍNA, MORTE e pouca indignação, a população tem que despertar para tamanha atrocidade.

Millena Sampaio Souza disse...

Parabéns Zé..!!
Adorei sua matéria, poderíamos até mesmo acrescentar, com todo respeito e admiração que tenho pelos seus escritos, um subtitulo que basicamente descreveria o que não se vê.." A MÃO INVISVEL", até quando ficaremos embabados com toda essa história de anooooossss..onde só se ouve.." Minha terra tem ouro, cidade do ouro.." enfim.
Essa agressão sofrida pelas mãos armadas de soldados genéricos TRARÁ (uso o verbo no futuro porque estamos totalmente alienados quanto à estrondosa EXPLORAÇÃO no presente de "nossas" serras)RUÍNA, MORTE e pouca indignação, a população tem que despertar para tamanha atrocidade.