sábado, setembro 01, 2007
Aconteceu em minha mente... (Humor)
Um fazendeiro rico daqueles que cria mais de 1000 cabeças, na região do Mato Grosso, lá das bandas do Corino Rodrigues, recebeu a proposta de um grande frigorífico americano que lhe vendeu uma boiada composta entre 250 a 300 mil cabeças com o compromisso de que, ao final de dois anos, depois de engordados ao ponto de abate, seriam vendidos novamente ao mesmo frigorífico. E o nosso fazendeiro, muito autêntico e comprometido em manter sua integridade comercial, disponibilizou os melhores pastos ao que chamou de: melhor negócio feito ao longo dos últimos anos. Chega a época da vendas do gado e ele, já pensando nos lucros que certamente teria, resolveu encomendar um equipamento que era o seu grande sonho de consumo, mas que até então a situação financeira, apesar de bastante controlada, não lhe tinha permitido adquirir tal produto que, sem dúvida, iria resolver o mais grave problema da fazenda: a contagem dos bois. Até então, o problema era resolvido com os préstimos de um velho matuto conhecido pela alcunha de Zé das Contas que fazia a contagem do gado lá pelas bandas da região, mas que nem sempre estava disponível diante da demanda.
Quem é criador sabe a dor de cabeça que representa quando o assunto é contar bois, seja na hora de ferrar, vacinar ou na hora de comprar ou vender. Por menor que seja a boiada haverá sempre uma dúvida se este ou aquele animal já foi contado ou não.
Até então ninguém tinha nada a reclamar do serviço de Zé das Contas que, sem explicar como, sempre apresentava a conta certa dos bois que era chamado a contar. Mas uma coisa era contar 1000, 2000 mil bois, outra, seria contar quase 300 mil bois.
E com o nosso fazendeiro em questão o problema se agigantou diante desta inédita quantidade. Feitos os devidos cálculos dos lucros nosso personagem liga para uma empresa do outro lado do planeta e encomenda a mais nova criação japonesa para a pecuária: O Contador Eletrônico de Bois. Tratava-se de uma espécie de computador com câmera a ser instalado na porteira do curral e, à proporção que os animais iam entrando o equipamento, através de filmagem, faria a contagem.
Aguardado com ansiedade, finalmente chega à fazenda o carrinho dos correios com a maravilha do século: O Contador Eletrônico de Bois. Imediatamente nosso apreensivo fazendeiro recorre aos técnicos que já esperavam há dois dias para instalar a inovação. Era fio daqui, antena dali, pedreiro, eletricista, técnicos em computação, carpinteiro que fazia cobertura para o equipamento, outros cavavam o chão para aterrar os suportes, tinha mais gente envolvida no caso que casa de prefeito desonesto fazendo manobra quando recebe uma verba federal. Enfim todos trabalhavam para que tudo começasse a funcionar, afinal estava prevista para o próximo dia a chegada dos proprietários do frigorífico americano lá do início da nossa conversa.
È chegado o grande dia! Tudo pronto, compradores presentes, e vamos tocar aquele mundo de gado nelore para o curral.
O chão, visto de cima de uma arvore, parecia uma grande nuvem branca a baixa altura de tanto gado branco! Uma loucura!! A cor do gado se misturava com o verde dos pastos que mais parecia a torcida do palmeiras em jogo final com o Guarani de Campinas. Um verde e branco majestoso!!!! E vamos testar o equipamento, (se não a gente não termina esta história nunca), começa a luta dos vaqueiros para tocar o gado em direção à porteira do curral onde estava instalada a parafernália eletrônica que confirmaria a quantidade de bois anotada pelo fazendeiro em seu controle. Só ele sabia dos 250 a 300 mil bois, quantos exatamente ali estavam. Já passavam quase 30 minutos do momento em que os primeiros nelores entraram e o equipamento mostrava na tela pouco mais de 300 bois dentro do curral. Era um sucesso, os olhos do fazendeiro brilhavam de felicidade ao ponto do mesmo sonhar com a cifra que até poderia lhe facilitar uma candidatura a prefeito do município. De repente o inesperado acontece: Um boi, (quem cria gado nelore sabe como é), resolve saltar mais alto e com a cabeça quebra todo o equipamento. Pedaços de computador espalharam-se num diâmetro de dez metros!!!!! Foi um desespero!! Nosso fazendeiro entra em pânico por dois motivos: O caro equipamento tinha ido para as cucúias e como poderia ele confirmar para os empresários a quantidade de componentes da boiada. Sem isso não haveria a conclusão do negócio consequentemente não haveria o tão esperado lucro. Todos estavam atônitos sem saber o que fazer, até que alguém lembrou: “Chama o Zé das Contas para terminar de contar o gado”! Em princípio houve um repúdio, alguém retrucou falando que o Zé não seria capaz de contar tanto gado. Depois de várias discussões não sobrou outra opção senão chamar o contador humano. E surgiu a partir daí a curiosidade de como que o Zé consegue contar tanto gado em relativo tempo comparado com o que a máquina havia contado em meia hora? Chamaram o Zé. Após as devidas apresentações e limpeza do local, Zé se colocou na plataforma onde antes havia sida instalado o contador eletrônico e solicitou dos vaqueiros que voltassem a tocar o gado para o curral. E o mundo ficou verde e branco novamente!! Uma loucura mesmo!!! Os bois passavam pela porteira como foguetes!!!! Mal dava para perceber a quantidade do tráfego. A porteira media cerca de cinco metros de largura e cabia mais de seis bois, mas o que confundia era a velocidade com que os animais passavam pelo local onde o Zé permanecia sentado de olhos fitados para baixo sem bater as pestanas e assim ficou até que, ao final de três horas, o último animal entrou no curral.
Por alguns instantes o Zé fechou os olhos e fez alguns gestos com os dedos. Todos estavam apreensivos. Zé, abre os olhos, solta um suspiro e dispara a soma: 297.365 bois passaram por aqui. O fazendeiro imediatamente pegou sua agenda e conferiu a quantidade. Para a surpresa dele e de todos que olhavam ansiosos, ele gritou!!!! Ta certo!!!! Ta certo!!!! É isso mesmo!!!! O Zé tá certo!!!!! Ele acertou!!!!!
Diante daquela incrível e inexplicável façanha do Zé, as curiosidades eram de todos: Saber como ele havia feito aquilo? Como havia conseguido contar corretamente os bois naquela velocidade em que os animais passavam pela porteira? E naquela quantidade, como não perdeu as contas?
Questionado o Zé finalmente revelou seu segredo profissional:
“É fácil, eu conto o rabo e as pernas e depois divido por cinco”
José Carlos Benigno
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