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sexta-feira, setembro 21, 2007

Junto à Primavera, como o bem do bem que fazem as flores!!!!



Findava o dia 20 de setembro do ano de 1985 e ela, já nas primeiras horas da noite, reclamava de dores, os pés estavam muito inchados, o rosto, embora um pouco deformado, não escondia os traços de beleza daquela menina e futura mãe... A noite transcorreu e quase não dormimos pela sua inquietude... Já nas primeiras horas do dia, percebemos que não havia mais como esperar: era chegada a hora do primeiro rebento...
Pegamos algumas coisas; roupas, lençóis, toalhas, sabonetes e todos os utensílios que seriam necessários ao período que já prevíamos para ficar no hospital.
Avenida Central, 60 Bairro da Inocoop. Esse era nosso endereço. Uma simples casa, daquelas ainda do tipo embrião do conjunto na sua originalidade.

Vivíamos um momento difícil, sem recursos, desempregado, injustiçado por algumas pessoas e até um tanto abandonado e incompreendido, causava-me revolta algumas vezes. Por tudo isso aquele momento me deixava meio sem nexo e perdido.
Já eram quase sete horas da manhã do dia 21 de setembro. Finalmente ela termina de arrumar as coisas, eu, impaciente, já não suportava mais esperar que ela, com toda aquela barriga, terminasse de juntar tantas tralhas e arrumar em sacolas. (Até hoje não consigo entendê-la nesse sentido). Ela sempre faz isso, quando precisamos ir à algum lugar.
Finalmente saímos em direção ao hospital que distava cerca de três ou quatro km.
Chegamos ao Antonio Teixeira Sobrinho, os ponteiros do meu Cássio apontavam quase oito horas. O Dr. José Horácio já nos esperava e tomou todas as providências paro o trabalho de iniciação de parto.
Nesse momento começa a aparecer as primeiras características daquele bebezinho que viria ao mundo, e que em alguns casos, essas características persistem até hoje.
O garoto resolve não sair da barriga da mãe. Já estávamos próximos do meio dia e nada... Todos aguardavam ansiosos quando o médico chamou-me e solicitou que eu fosse até um povoado do município, Cachoeira Grande, cerca de 30 ou 40 km, onde naquele momento estava a anestesista do hospital, participando de uma reunião política, (se aproximava mais um período de eleições).
... Sai feito um louco numa pick-up Fiat.
Sempre fui um bom motorista, mas naquele dia não estava dirigindo, mas pilotando, os pneus do carro quase não tocavam o chão, por isso posso dizer que voava a baixa altura, o carro era do meu sogro. Nunca revelei isso a ninguém, mas depois de me perder numa curva, cai de uma altura de quase três metros dentro de um pasto, e posso até dizer que cai de uma nuvem, felizmente, cai com os pneus ao chão. Desci do carro/avião, verifiquei os estragos e percebi que estava tudo em ordem, nada além de um dos "trens de pouso" estourado, vi que o pneu de socorro resolveria meu problema. Como um raio troquei o pneu e “decolei” novamente de dentro do pasto mesmo, quebrei alguns postes da cerca e continuei meu "vôo" em direção a Cachoeira Grande para pegar a anestesista.

Não esqueço a cena: cheguei e a vi num palanque, tentei subir, alguém tentou impedir-me, fiz um sinal e ela prontamente atendeu. Após conversarmos garantiu-me que estaria no hospital a tempo. (não lembro se ela foi comigo ou no carro dela), já no hospital, o fato é que foi uma loucura, já passava da hora prevista, o garoto insistia em não vir ao mundo da forma normal e o parto teve que ser mesmo uma cesariana.
O garoto pesou cerca de mais de 4 kg... Antes disso um pouco, eu aguardava sentado num jardim na entrada do hospital e arranquei, sem ver, quase todas as ervas daninhas... Lembro-me que a ansiedade me fez entrar e sair do Hospital umas 1000 vezes. Olhava o relógio a cada segundo. Depois não consegui me controlar e comecei a contar as pedras de revestimento das paredes do corredor do hospital.... De repente alguém corre em minha direção e anuncia: NASCEU!!!! NASCEU!!!! É UM LINDO GAROTO!!!!! Eu pensei:
“Vai se chamar Murilo, (depois ele colocou mais um “L”), .. mais tarde o avô me pediu que gostaria que se chamasse de Geraldo porque o bisavô, (pai do meu sogro), também havia nascido em 21de setembro e ele gostaria de fazer uma homenagem... Tudo bem! (mas ficou ai os primeiros sinais de que eu não teria domínio total sobre esse cara).

GERALDO MURILLO:
... Acho que tem muita coisa pra contar desta história... Muitas delas você já sabe, mas o que talvez você não saiba, é o tamanho do amor que sinto por você....
Nem poderia, ele é imensurável meu filho!

Parabéns!!!! Que Deus te dê muita saúde, realize todos os seus sonhos e te conceda muitos anos de vida
José Carlos Benigno
21.09.07

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