Páginas

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Uma visão diferente


O incêndio ocorrido na madrugada da última quarta-feira, dia 16, na Rua Morro do Chapéu que destruiu totalmente a empresa Centro Automotivo Jacobinense com todos seus equipamentos e mais sete veículos, levando os empresários, Arnaldo e Adilson, á beira da falência, abriu fogo também numa questão que já vem largamente sendo discutida, pela sociedade, por outros acontecimentos semelhantes, mas que, até aqui, ainda não despertou a sensibilidade das autoridades competentes que podem e devem fazer algo em torno do problema.
O questionamento mais importante a ser feito nesse momento é: Até quando vamos continuar vendo incêndios destruindo patrimônios em Jacobina?
Deus tem sido generoso conosco porque, tem mandado o recado, mas até então, nenhum deles foi além dos prejuízos materiais.
Mas até quando o recado de Deus vai soar sem a vítima fatal? Ou vítimas fatais?
Nossos representantes precisam ter a consciência de que já é hora de, ao menos, capacitar pessoas para agir em momentos como esses. Não podemos esquecer que a Brigada Voluntária de Incêndios tem contribuído como pode, e, a exemplo de outros casos, evitou mais uma vez que a tragédia tomasse proporções maiores. Mas fatos como esses não podem continuar resolvidos de voluntariedade! Existem custos, pessoas a ser remuneradas, e, sobretudo precisamos atribuir responsabilidades à alguém! Ter pessoas a quem cobrar resultados! Embora úteis, sendo voluntários, não se pode obrigá-los a nada, afinal são voluntários.
Necessitamos de um órgão oficial capacitado para todo tipo de ação que não fique somente em torno de cuidar de apagar incêndios. Até porque as fatalidades, lamentavelmente, acontecem de outras formas também.
Mas já que o papo é incêndio, vamos lembrar do Calçadão mais uma vez: existe um hidrante ali? Se existe, funciona? Quantas simulações de incêndios já foram feitos naquele local onde não é possível o acesso para um carro de bombeiros numa situação de emergência?? É difícil a instalação e os testes desse ou desses hidrantes? As autoridades entendem que é importante a disponibilidade de hidrantes (que funcionem) instalados ali?
Eu gostaria muito que algum político ou alguém ligado ao assunto pudesse nos enviar uma resposta a todas essas perguntas já na próxima edição! Publicaríamos com o maior prazer! Fica aqui o desafio. Mas, voltemos ao assunto:
Jacobina não é mais uma cidade pequena!!! Aqui já precisamos de um Corpo de Bombeiros que é o órgão treinado pra resolver tudo que envolve socorro à vítima, ocorra como ocorrer! Pra quem não sabe, numa cidade grande os bombeiros são chamados até pra tirar gato de cima de poste!
Quantos fatos envolvendo o tema aconteceram aqui nos últimos dias? Eles nos mostraram e nos fizeram sentir a necessidade que temos de já ter aqui esses anjos da terra como são tratados em todos os lugares!
Por outro lado, precisamos ter a consciência de que não é somente a presença de um Corpo de Bombeiros que vai evitar que as tragédias nos aconteçam. Os infortúnios pode acorrer em qualquer lugar com qualquer pessoa.
E o trabalho preventivo diminue o risco, a possibilidade e pode ser feito por cada um de nós! É até uma questão de responsabilidade.
O ser humano precisa ser menos negligente e mais atencioso e cuidadoso a começar pela própria vida.
Tivemos o fato do rapaz de Cachoeira do Itapemirim que morreu, com traumatismo no crânio, num acidente de carro, praticamente na entrada da cidade, quando vinha em alta velocidade, sem fazer uso do cinto de segurança, se desgovernou na passagem por um caminhão numa curva, perdeu o controle do veículo chocando-se frontalmente num paredão de pedras e foi arremessado para fora do carro indo de encontro ao mesmo.
Aquele rapaz morreu porque não tinha uma UTI em Jacobina para socorrê-lo ou porque estava trafegando fora dos limites dele e do próprio carro??
Não estou dizendo, com esse questionamento, que não precisamos de UTI, mas quero mostrar que meu avô tava certo quando propagava o milenar ditado: “prevenir sempre foi melhor que remediar”.
A imprensa questionou a demora e até mesmo a ausência de membros da defesa civil no resgate aos corpos de dois rapazes que morreram afogados quando tomavam banho nas águas do poço da Cachoeira dos Alves no último final de semana. É evidente que essas duas vidas poderiam ter sido poupadas, por elas mesmas, se alguns cuidados tivessem sido tomados, algumas práticas tivessem sido evitadas.
É importante fazer um questionamento até mesmo para que as pessoas comecem a ver as coisas por um ângulo muito mais profundo: se já tivéssemos, em Jacobina, pessoas da defesa civil com capacidade de resgatar aqueles corpos em tempo célere, elas teriam evitado as mortes daqueles dois homens?...Claro que não!!!! É muito mais uma questão de conscientização própria!
Quem venham os leitos de UTI, o Corpo de Bombeiros, e tudo mais que merecemos, porque uma cidade em desenvolvimento precisa dessas coisas, mas que encontrem aqui um povo civilizado, politizado, que tenha na consciência que é preciso cuidar da própria saúde através de uma educação preventiva, que obedeça as leis de trânsito e acima de tudo que tomem consciência dos limites do próprio corpo e dos perigos que da natureza e os bens matérias impõem quando são ultrapassados em seus regimentos!
Nossa cidade vem crescendo na sua estrutura física, mas acontecimentos como esses, nos fazem refletir que precisamos crescer também num espaço onde é infinitamente importante crescer: na nossa própria consciência!

José Carlos Benigno
16.01.08

sábado, janeiro 12, 2008

O que me faz chorar



Me faz chorar sim! E acho que é um misto de quase tudo! Afinal é como diz uma pessoa especial que conheci:
...Chorar é bom às vezes, sabe?
Desmancha o nó da garganta (quando não o acentua)!
Faz-nos humildes (não que seja humilhação chorar!)!
Tira-nos o chão e nos faz desabar.
Chorar é bom sim!
Faz-nos gritar por respostas e por certezas...

(Carla Cinara)
Quem tem sensibilidade, ao ler algum texto meu, vai perceber que uso a alma para escrever.
E me fez chorar sim, essa semana, vendo mais uma vez, de cima de uma das pontes de Jacobina que cruzam os leitos das águas que imploram um atendimento de alta complexidade, a agonia dos rios que cortam essa cidade! Naquele momento fui cutucado pela própria alma que me pediu mais uma vez em silêncio: “Faz mais alguma coisa! Continua fazendo enquanto ainda agoniza o rio”.
Me fez chorar quando vi meu texto, escrito há alguns anos em defesa do Rio do Ouro e publicado pela primeira vez no extinto Jornal A Notícia da Chapada do amigo Ubirajara Santos, usado num trabalho da Uneb para a defesa da causa! Fiquei emocionado e alegre por ver esta comunidade acadêmica sentir a necessidade e a importância que existe na peleja por esta tão nobre missão que é a luta em defesa da natureza!
Me fez chorar, me vendo no passado escovando os dentes com as águas do Rio do Ouro e imaginando o futuro vendo as pessoas lendo algo sobre o que um dia foi aquele curso de água.
Me fez chorar a percepção do que fizeram com ele!! E é inadmissível!!! Assusta-me, essa inconsciência da sociedade e principalmente daqueles que detêm o poder, e que poderiam ajudar nesta tarefa, que é de cada um de nós, mas que, infelizmente, com raríssimas exceções, quase ninguém faz nada.
Me faz chorar, a lembrança do meu discurso na Tribuna do Plenário da Câmara de Vereadores de Jacobina, em defesa do meio ambiente, que foi longamente aplaudido pelos presentes e depois ecoou sobre as serras e não mais foi ouvido por ninguém! Isso é lamentável.
Me faz chorar a lembrança do meu texto Dois Rios e uma Saudade, que se perdeu no tempo e num espaço vazio onde, infelizmente, não há quem queira ocupar a sensibilidade, a responsabilidade e o trato com aquilo que entendo ser a única coisa perfeita deste universo criado por Deus: a Natureza!!!
Chorei quando li na monografia da acadêmica professora Valdelice Barreto, que valorizou nosso apelo em sua pesquisa, e referiu-se como uma resposta ao nosso grito:
"Se te serve de consolo Benigno, teu grito também é nosso".
Ouço uma sinfonia de gritos professora!!! E o que mais me incomoda e me faz chorar é exatamente aquele: o grito do próprio Rio!!!!