sábado, janeiro 12, 2008
O que me faz chorar
Me faz chorar sim! E acho que é um misto de quase tudo! Afinal é como diz uma pessoa especial que conheci:
...Chorar é bom às vezes, sabe?
Desmancha o nó da garganta (quando não o acentua)!
Faz-nos humildes (não que seja humilhação chorar!)!
Tira-nos o chão e nos faz desabar.
Chorar é bom sim!
Faz-nos gritar por respostas e por certezas...
(Carla Cinara)
Quem tem sensibilidade, ao ler algum texto meu, vai perceber que uso a alma para escrever.
E me fez chorar sim, essa semana, vendo mais uma vez, de cima de uma das pontes de Jacobina que cruzam os leitos das águas que imploram um atendimento de alta complexidade, a agonia dos rios que cortam essa cidade! Naquele momento fui cutucado pela própria alma que me pediu mais uma vez em silêncio: “Faz mais alguma coisa! Continua fazendo enquanto ainda agoniza o rio”.
Me fez chorar quando vi meu texto, escrito há alguns anos em defesa do Rio do Ouro e publicado pela primeira vez no extinto Jornal A Notícia da Chapada do amigo Ubirajara Santos, usado num trabalho da Uneb para a defesa da causa! Fiquei emocionado e alegre por ver esta comunidade acadêmica sentir a necessidade e a importância que existe na peleja por esta tão nobre missão que é a luta em defesa da natureza!
Me fez chorar, me vendo no passado escovando os dentes com as águas do Rio do Ouro e imaginando o futuro vendo as pessoas lendo algo sobre o que um dia foi aquele curso de água.
Me fez chorar a percepção do que fizeram com ele!! E é inadmissível!!! Assusta-me, essa inconsciência da sociedade e principalmente daqueles que detêm o poder, e que poderiam ajudar nesta tarefa, que é de cada um de nós, mas que, infelizmente, com raríssimas exceções, quase ninguém faz nada.
Me faz chorar, a lembrança do meu discurso na Tribuna do Plenário da Câmara de Vereadores de Jacobina, em defesa do meio ambiente, que foi longamente aplaudido pelos presentes e depois ecoou sobre as serras e não mais foi ouvido por ninguém! Isso é lamentável.
Me faz chorar a lembrança do meu texto Dois Rios e uma Saudade, que se perdeu no tempo e num espaço vazio onde, infelizmente, não há quem queira ocupar a sensibilidade, a responsabilidade e o trato com aquilo que entendo ser a única coisa perfeita deste universo criado por Deus: a Natureza!!!
Chorei quando li na monografia da acadêmica professora Valdelice Barreto, que valorizou nosso apelo em sua pesquisa, e referiu-se como uma resposta ao nosso grito:
"Se te serve de consolo Benigno, teu grito também é nosso".
Ouço uma sinfonia de gritos professora!!! E o que mais me incomoda e me faz chorar é exatamente aquele: o grito do próprio Rio!!!!
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