sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Histórias sobre minha convivência em Jacobina
DOIS RIOS UMA SAUDADE
...Meados de 1968...
DOIS RIOS UMA SAUDADE
...Meados de 1968...
-“Oh D. Mari? A senhora pode me emprestar um copo?
-Pois não seu Manteigoso! Com água?
-Não D. Mari, quero um copo vazio mesmo,!!!
-Mas pra que o Sr. quer um copo vazio “home” de Deus?
-É que o Rio do Ouro tá com a água tão fresquinha que eu quero matar minha sede, bebendo a água direto do Rio.”
Lembro perfeitamente como se estivesse vendo nesse momento:
O folclórico vendedor de pães da cidade, conhecido contemporaneamente pelo pseudônimo de Manteigoso, batia a porta da casa dos meus tios, por volta das seis horas da manhã.
Rotineiramente, corria pra pegar o pão doce que ganhava do Sr Manteigoso. Segundo o vendedor, era ofertado como se fosse uma gentileza pelos pães vendidos ao saudoso casal tio Lilico e tia Mari.
Manteigoso voz rouca, chegava sempre cansado, fruto da caminhada que fazia com o cesto de pães na cabeça, gritando:
-UUUUÊÊÊÊÊ O MANTEIGOSO!!!!!!!! UUUUUÊÊÊÊÊ O MANTEIGOSO!
Tio Lilico e Tia Mári, nesse momento já me apontavam a escôva de dentes com o necessário creme dental alertando:
- Vai meu filho! Vai escovar os dentes no rio! Tenha cuidado quando for descer a escada! Cuidado para não cair na água.
Pra acessar o rio, existia uma escadinha que facilitava a chegada até a água...
A casa ficava precisamente onde recentemente foi a Loja Se Cubra Materiais de Construção na Rua Margem Rio do Ouro, próximo ao Fórum.
Ah Deus!!!
Parece mentira que um dia escovei meus dentes no Rio do Ouro, com as águas do próprio rio!
Será porque naquele tempo, as pessoas não jogavam o lixo nos rios?
Pra onde iam os esgotos dos hospitais da nossa cidade?
Concordo com você, amigo leitor, sei que a população cresceu muita de 1968 até agora. A questão é: foi certo o que fizemos conduzindo aos rios nossos excrementos?
Será que num futuro não muito distante não iremos precisar beber da água deles?
O que fazem as cidades que não dispõem de rios pra jogar seus esgotos e lixo?
Será que para se livrar dos excrementos, um povo, uma cidade, um estado, uma nação têm que, necessariamente, dispor de um rio?
Pensando nisso, acho importante, que façamos algo, e de preferência com muita urgência, para tentar ressuscitá-los.
Existem tarefas: umas da competência do povo, outras do poder público.
No que compete a nós, povo, sugiro que comecemos pela própria consciência de que no rio não é lugar de jogar lixo.
De nada adiantará o poder público, ficar tirando toneladas e mais toneladas de lixo dos leitos dos rios, se voltamos a depositar tudo neles!
Para evitar isso, é feita a coleta de lixo, diariamente, em nossa cidade.
Essa ação mínima, já seria de imensurável importância na busca da conscientização de uma sociedade educada e moderna que ama sua cidade, respeita, preserva a natureza e se preocupa com o futuro.
Alguém tem que começar! Que tal você! Que joga seu lixo no rio?...
Quanto ao poder público,
Em que pese a morosidade e a quebra do valor do recurso, (era de R$ 20 milhões, hoje apenas pouco mais de R$ 6 milhões), a boa nova nos traz a notícia da liberação da verba para o início das obras.
Talvez aí, a oportunidade da realização de um grande sonho, principalmente, daqueles que nasceram aqui, viveram sua infância em Jacobina e percebem a importância de uma ação dessa magnitude.
É necessário dinheiro para resolver um problema desses? Claro que sim! Porém, o mais importante é que haja também comprometimento por parte de cada um de nós, no sentido de escolher melhor nossos governantes e cobrar deles ações voltadas para a grandeza desta causa!
“JÁ ESCOVOU OS DENTES MOLEQUE?”
”NÃO TIA! A ÁGUA DO RIO TÁ SUJA HOJE”!
José Carlos Benigno
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